As competências da Enfermagem Gerontogeriátrica
Partindo da premência de responder aos desafios e oportunidades colocados pelo envelhecimento à Enfermagem, sendo uma das áreas centrais do cuidado de Enfermagem para o século XXI, iniciámos com uma investigação denominada “Competência em Enfermagem Gerontogeriátrica: uma exigência para a qualidade do cuidado”, que culminou com o desenvolvimento de dois padrões de competências em Enfermagem Gerontogeriátrica.
Globalmente, o reconhecimento de que a maioria das pessoas idosas têm condições de saúde complexas requer que as/os enfermeiras/os sejam competentes na gestão do cuidado a estes beneficiários. Deste modo, a evidência recomenda o reforço da Enfermagem Gerontogeriátrica em todos os planos de estudos de Enfermagem.
Duas importantes estratégias para conseguir este objetivo são: 1) assegurar que os docentes de Enfermagem sejam conhecedores/peritos no cuidado gerontogeriátrico para formar as futuras gerações de Enfermeiras/os; 2) existir padrões de competências que determinem um conjunto de conhecimentos, capacidades e habilidades requeridas para o cuidado à pessoa idosa. A capacidade para as/os enfermeiras/os desenvolverem um cuidado seguro e de elevada qualidade está altamente relacionado com as suas competências.
Em Portugal, a ausência de padrões de competências na área da Enfermagem Gerontogeriátrica é uma lacuna, em especial, sabendo que a maioria das/os enfermeiras/os portuguesas/es cuidam ou cuidarão de pessoas idosas em diferentes contextos da sua prática e que a maioria tem uma formação e/ou conhecimentos insuficientes para propor um cuidado de qualidade a estes utentes. Deste modo, este projeto desenvolveu dois padrões: 1) Competências de Enfermagem Gerontogeriátrica e 2) Competências Acrescidas Diferenciadas em Enfermagem Gerontogeriátrica.
Estes padrões são o primeiro passo de um caminho que tarda em fazer-se na Enfermagem Gerongeriátrica em Portugal, mas para o qual nunca é tarde para avançar. Sendo assim, esperamos que estes padrões possam contribuir para (re)pensar os planos de estudo em Enfermagem, promover o reconhecimento e/ou desenvolvimento profissional nesta área e abrir as portas para uma Enfermagem de prática avançada neste domínio.
O envelhecimento da população terá profundas implicações em todos os domínios da sociedade, especialmente, entre os profissionais de saúde que estão inadequadamente preparados para responder à especificidade do cuidado à pessoa idosa.
A formação, o número de profissionais especializados e as políticas de retenção continuam insuficientes face às projeções demográficas para 2030. Para além disso, os estudos internacionais evidenciam que a Enfermagem Gerontogeriátrica não é uma área atrativa para a prática clínica e que a maioria das(os) enfermeiras(os) têm falta de interesse em realizar formação pós-graduada ou especializada nesta área. Vários fatores contribuem para esta situação, nomeadamente, a imagem negativa associada à Enfermagem Gerontogeriátrica, a formação graduada insuficiente e insipiente nesta área e a falta de regulamentação e reconhecimento pelos órgãos governamentais.
As pessoas idosas são o core business dos serviços de saúde, assistindo-se a uma crescente consciencialização organizacional sobre a n
ecessidade das(os) enfermeiras(os) deterem expertise nesta área. Contudo, nem sempre os serviços têm dotações de Enfermagem seguras, assim como, as(os) enfermeiras(os) podem não ter o conhecimento, as competências e as atitudes necessárias para desenvolver um cuidado de qualidade às pessoas idosas.
Um trabalho realizado por vários autores, sob a coordenação dos colegas João Tavares e Maria de Lurdes Almeida, juntamente comigo, disponível online para conhecimento de todos.
Comentários
Enviar um comentário