O impacto do envelhecimento na Pessoa

O envelhecimento, ou a longevidade como tanto gosto de escrever, constitui sem sombra de dúvida o culminar do sucesso do desenvolvimento humano.

Sabemos que esta longevidade está marcada por um sem número de ganhos, olhemos nós do prisma positivo para este processo. Mas, a verdade, é que não é sempre assim: não somos treinados a vivenciar e olhar o envelhecimento desta forma.

O meu caro Alexandre Kalache, médico geriatra e ativista da longevidade, criou um conceito que, de alguma forma, tenta maquilhar de forma positiva este nosso olhar sobre o envelhecimento: a gerontolescência. Os baby-boomers, geração nascida no pós-guerra, estão a revolucionar a forma como olham e vivem o seu envelhecimento. Vamos viver muito mais anos e dar qualidade de vida a esses anos é o grande mote desta revolução!

Cada pessoa envelhece de diferentes formas, uma vez que, existe um conjunto de fatores individuais, contextuais, psicológicos, sociais e económicos que são determinantes para o êxito do processo de envelhecimento. É, assim, dessa mesma forma heterogénea, que o impacto do envelhecimento é vivido por cada um.

Quando se fala em envelhecimento há um conjunto de mitos e preconceitos associados, desde logo com a demarcação de uma idade (65 anos) e o entendimento invariável no processo de envelhecimento. Os 65 anos estariam associados à idade da reforma, de toda a gente, com mais ou com menos capacidade, de onde resulta um elevado número de ideias infundadas sobre o envelhecimento. Ficamos marcados, socialmente, com a visão de envelhecimento que nos foi incutida ao longo da nossa vida: a perda de papéis ocupacionais e de credibilidade da capacidade funcional, às perdas e limitações de potencial. Com este foco na perda e não nos ganhos, é inevitável que exista receio e até alguma renitência em viver de forma plena, digna e feliz a nossa longevidade.

A pergunta que se coloca é simples: como fazemos para nos prepararmos para o nosso processo de envelhecimento? Como encaramos de forma positiva a longevidade?

Mesmo antes de nos depararmos com a proximidade da terceira idade, temos grandes desafios de desenvolvimento pessoal que nos fazem “olhar para dentro”, perceber quem realmente somos e quem realmente queremos ser. Uma grande percentagem de pessoas que vivem um envelhecimento frustrado, não se conhecem verdadeiramente e entram no seu processo de desenvolvimento pessoal numa fase mais avançada, em que se questionam sobre diversas temáticas cujo resultado não se identificam. Surgem as grandes questões de fim de vida, os grandes arrependimentos, a falta de tempo para cumprir o que ainda queriam nesta passagem terrena.

Na verdade, o sucesso centra-se na vivência da longevidade anos antes daqueles que se consideram a entrada na terceira idade. Devemos viver ao longo do ciclo vital, sempre com o foco na qualidade de vida presente e futura, tomando as grandes decisões com base nessa premissa. Comprometemos, muitas vezes, o nosso bem-estar e os anos vindouros, com decisões baseadas no imediato, no presente. A vida é uma construção que deve ser sempre orientada com visão de futuro, com aquilo que há-de vir. Devemos informar-nos sobre as estratégias para colmatar as alterações da senescência (envelhecimento saudável) e prevenir a senilidade (envelhecimento patológico), uma vez que a nossa qualidade de vida depende desse conhecimento e das decisões que tomamos perante o evoluir do nosso ciclo de vida.

O impacto do envelhecimento na pessoa é muito positivo, desde que decida, desde cedo, criar uma forma de estar na vida que aceite e abrace a sua evolução natural, estando sempre preparada, através do conhecimento adquirido, para todas as alterações que possa sofrer e criar estratégias adaptativas para manter a qualidade de vida e o bem-estar.

Sempre, no caminho da mudança do paradigma do envelhecer.



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